Assisti um diálogo bem interessante entre um objetivista (“randiano”) e uma teórica da democracia.
A princípio, sou simpático à ideia de @yaronbrook de limitar possível tendência coletivista da democracia (vontade da maioria) via reforço dos direitos individuais (sobretudo, direito à liberdade).
O problema dos objetivistas é que a teoria individualista da liberdade é objetivamente falsa 🙂
A falsidade do objetivismo vem da ontologia atomista. Não, a liberdade nunca é apenas minha liberdade, mas sempre minha liberdade em interação com a liberdade dos outros. O conceito verdadeiro de liberdade é um conceito relacional.
Liberdade é um conceito biface: sob um aspecto, indica um bem privado (minha liberdade); sob outro aspecto, indica o emaranhamento de nossas liberdades sob o guarda-chuva da ideia de justiça (como liberdade); um bem público, portanto.
O erro comum a objetivistas e a anarcocapitalistas, a razão de sua autocontradição, é o apelo unilateral à face privada da liberdade no contexto de uma teoria da justiça, quer dizer, sob recurso a um conceito de justiça que, por princípio, não pode ser um bem meramente privado.
A tensão entre o que há de privado e de público no conceito de liberdade é constitutiva da ação humana. O mérito da democracia liberal é justamente não levar esta tensão “para baixo do tapete”, não tentar ocultá-la artificialmente em uma falsa teoria de primeiros princípios.
Pelo contrário, esta tensão é explicitada e enfrentada no palco da interação política, no cerne mesmo da vida democrática. Neste ponto, a @M0L0VATT está coberta de razão.